25 de Abril - Sugestões de leitura
Para utilizar como recurso didático ou, simplesmente, para ler por prazer, aqui deixamos uma lista de sugestões de livros relacionados com a revolução do 25 de abril de 1974.
Alice Vieira, Vinte e cinco a sete vozes
Que foi que aconteceu no dia 25 de Abril de 1974? Aparentemente a resposta é fácil. Mas só aparentemente, pois
tudo vai depender da idade que têm os que a ela respondem...
Para os mais novos, aqueles a quem 1974 é a Pré-História, 25
de Abril, 10 de Junho, 5 de Outubro ou 1.º de Dezembro é tudo o mesmo, ou seja,
é feriado e isso é que importa. Mas para os mais velhos, as coisas não são
assim tão simples. Do conjunto de sete vozes diferentes se faz esta história -
com um final feliz, já que a liberdade também se pode festejar de mãos dadas
num centro comercial da cidade.
Álvaro Magalhães, O rapaz da bicicleta azul
"O João subiu para a bicicleta, que rangeu aflitivamente. Às primeiras pedaladas, ela respondeu com alguns estalidos, como os dos ossos de um velho que se levanta de uma cadeira, mas pouco depois já rolava pela estrada abaixo. Ele pedalou com mais força e atravessou o ar morno da manhã. Sentia não sabia o quê que o empurrava para diante. Cheirava-lhe não sabia a quê, sabia-lhe não sei a quê. E esse "não sei quê" era a liberdade. Estava dentro dele e à volta dele, por todo o lado. Também ele era um rapaz numa bicicleta azul e também ele levava a flor da liberdade numa manhã de Abril."
Ana Oliveira, Do cinzento ao azul celeste
Uma bela história para os mais novos, onde se fala da escola e dos professores, da liberdade e da falta dela, dos poetas da poesia e de livros, escritores e cantores. Fala-se também de bibliotecas cheias de sol, de cor e de saber.
João Pedro Mésseder, Romance do 25 de Abril em prosa rimada
e versificada
Revisitação poética da história do 25 de Abril de 1974, com
particular relevo para os antecedentes da Revolução, recriando a vida em Portugal
durante a vigência do Estado Novo, Romance do 25 de Abril, de João Pedro
Mésseder, sublinha ainda as consequências trágicas desse longo período da
História portuguesa contemporânea, como as perseguições políticas, a censura e
a Guerra Colonial, entre outros aspectos.
Neste livro, através de relatos na primeira pessoa, ficamos a conhecer muitos dos aspetos escondidos da Guerra Colonial, incluindo as doenças, o sofrimento, os crimes, as saudades... É reconstituída a participação portuguesa na Guerra Colonial a partir das memórias dos antigos combatentes.
José Jorge Letria, Zeca Afonso o andarilho da voz de ouro
José Afonso foi um grande cantor e um grande poeta português. Neste livro, José Jorge Letria, que foi um dos companheiros do cantor
antes do 25 de Abril, conta aos mais novos o que foi a vida do homem que
escreveu e cantou "Grândola, Vila Morena", senha musical do 25 de
Abril. "O Andarilho da Voz de Ouro" é uma história poética sobre um
grande músico-poeta, que pode ser lida por crianças e adultos. A importância da
sua obra vai muito para além da intervenção política. As canções que escreveu
são uma parcela importante da cultura portuguesa do século XX.
Manuel António Pina, O tesouro
"Os corações exultaram de alegria e as janelas
encheram-se de bandeiras e de cravos vermelhos: os soldados puseram cravos
vermelhos nas espingardas e as mulheres esqueceram-se do jantar e das limpezas
da casa e correram para a rua com os filhos ao colo e cravos vermelhos ao
peito, chorando e rindo, comovidas e confusas; as pessoas que tinham sido
expulsas e obrigadas a refugiar-se longe regressaram; as portas das cadeias
abriram-se e os presos voltaram, a casa; os jovens vieram da guerra, felizes
por estar de novo rodeados dos amigos e abraçar os pais e os irmãos; e os
meninos e as meninas puderam pela primeira vez dar as mãos e falar e olhar-se,
caminhando lado a lado sem medo de acusações nem de castigos."
Manuel Freire, Abril, abrilzinho
Abril, Abrilzinho" é um disco de memórias em busca de
futuros. Um disco em que Manuel Freire, Vitorino e José Jorge Letria cantam
Abril aos mais novos.
Mário Castrim, O caso da rua Jau
A novela de Mário Castrim trata da vigência da Ditadura
salazarista e os seus reflexos no universo escolar, recriando, através de uma
narrativa encaixada, as diferenças entre a atualidade e o Estado Novo. Trata-se,
de alguma forma, de aproximar os jovens leitores contemporâneos, através das
comparações implicitamente sugeridas, de uma realidade desconhecida, marcada
pela falta de liberdade, pela censura e pela intolerância. O ambiente escolar,
as relações entre os jovens, as condições de vida das famílias assim perspetivados
permitem perceber as modificações introduzidas pela Revolução de Abril e pela
Liberdade.
Matilde Rosa Araújo, História de uma flor
«Nas ruas havia flores vermelhas por toda a parte. No peito
das mulheres, dos homens, nos olhos das crianças, nos canos silenciosos das
espingardas. Nem era uma guerra, nem uma festa. Era o mundo de coração aberto.»
Vergílio Alberto Vieira, A Revolução das letras – o 25 de
abril explicado às crianças
Quem primeiro deu o alerta no Quartel das Letras foi o Cabo
Clarim que, farto de tocar a recolher, ou porque não, ou porque sim, anunciou
de pronto a hora do motim.
Acenderam-se então os holofotes na parada, saíram as letras
a correr da camarata e, quando o Comandante-General se levantou, estremunhado,
e veio à janela a toda a pressa, à pressa pediu contas a cada sentinela.
"Mas que pouca vergonha é esta?", desaprovou, o
boca aberta, a língua em tropel: "Que parece que a tropa virou festa no
quartel!"
Não se enganava o Comandante, ao megafone, pois já por toda
a parte se ouviam toques de caixa, gaitas e trombone. Se alguém o disse, assim
o fez.
As letras queriam viver em liberdade (...)
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