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Poemas de Abril

  Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades   Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.   Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança: Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem (se algum houve) as saudades.   O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto.   E afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto, Que não se muda já como soía.   Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" Interpretado por José Mário Branco

Poemas de Abril

  Livre   Não há machado que corte A raiz ao pensamento Não há morte para o vento Não há morte   Se ao morrer o coração Morresse a luz que lhe é querida Sem razão seria a vida Sem razão   Nada apaga a luz que vive Num amor num pensamento Porque é livre como o vento Porque é livre.   Carlos de Oliveira, “O nosso amargo cancioneiro”

Poemas de Abril

  Salgueiro Maia   Ficaste na pureza inicial Do gesto que liberta e se desprende. Havia em ti o símbolo e o sinal Havia em ti o herói que não se rende.   Outros jogaram o jogo viciado Para ti nem poder nem sua regra. Conquistador do sonho inconquistado Havia em ti o herói que não se integra.   Por isso ficarás como quem vem Dar outro rosto ao rosto da cidade. Diz-se o teu nome e sais de Santarém   Trazendo a espada e a flor da liberdade.   Manuel Alegre, in País de Abril

Poemas de Abril

  O Dia da Liberdade 25 de Abril   Este dia é um canteiro com flores todo o ano e veleiros lá ao largo navegando a todo o pano. E assim se lembra outro dia febril que em tempos mudou a história numa madrugada de Abril, quando os meninos de hoje ainda não tinham nascido e a nossa liberdade era um fruto prometido, tantas vezes proibido, que tinha o sabor secreto da esperança e do afecto e dos amigos todos juntos debaixo do mesmo tecto.   José Jorge Letria in O livro dos dias

Poemas de Abril

  O que aquela noite me quis dar   Eu não estava em casa nessa noite, filho, nem podia estar. Estava nas ruas com os soldados que rumavam às rádios e aos quartéis, engalanados de sombra e de júbilo, a ver o que aquela noite ia dar, o que a nossa liberdade prometia ser. E tu, filho, tinhas a idade rumorejante desse Abril embalado por uma canção do Zeca. Como posso eu explicar-te tudo aquilo que tu nasceste para aprender, para viver? Eu estava aquartelado no meu silêncio de pétalas, sílabas e marés, no meu dédalo de vozes embriagadas pelo vento, na coragem errante das pelejas da infância e pouco ou nada sabia do mistério desse mês capaz de transformar em assombro as nossas vidas.   Sim, sou eu neste retrato antigo, a receber em festa os exilados, os que chegavam com grinaldas de cantigas e a flor de uma ilusão bordada a sangue e espuma no capote das nocturnas caminhadas. Sim, sou eu a escrever a primeira reportagem do primeiro de muitos dias em

Poemas de Abril

  Grândola, vila morena   Grândola, vila morena Terra da fraternidade O povo é quem mais ordena Dentro de ti, ó cidade   Dentro de ti, ó cidade O povo é quem mais ordena Terra da fraternidade Grândola, vila morena   Em cada esquina um amigo Em cada rosto igualdade Grândola, vila morena Terra da fraternidade   Terra da fraternidade Grândola, vila morena Em cada rosto igualdade O povo é quem mais ordena   À sombra duma azinheira Que já não sabia a idade Jurei ter por companheira Grândola a tua vontade. Zeca Afonso, 1971

Poemas de Abril

  As mãos   Com mãos se faz a paz se faz a guerra Com mãos tudo se faz e se desfaz Com mãos se faz o poema – e são de terra. Com mãos se faz a guerra – e são a paz.   Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra. Não são de pedra estas casas mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas.   E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas. Folhas que vão no vento: verdes harpas.   De mãos é cada flor cada cidade. Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.   Manuel Alegre, in “O Canto e as Armas”

Poemas de Abril

  Menina dos olhos tristes   Menina dos olhos tristes o que tanto a faz chorar o soldadinho não volta do outro lado do mar.   Vamos senhor pensativo olhe o cachimbo a apagar o soldadinho não volta do outro lado do mar.   Senhora de olhos cansados porque a fatiga o tear o soldadinho não volta do outro lado do mar.   Anda bem triste um amigo uma carta o fez chorar o soldadinho não volta do outro lado do mar.   A lua que é viajante é que nos pode informar o soldadinho já volta está mesmo quase a chegar. Vem numa caixa de pinho do outro lado do mar desta vez o soldadinho nunca mais se faz ao mar.     Zeca Afonso

Poemas de Abril

  25 de Abril   Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo   Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

Poemas de Abril

  Trova do Vento que Passa   Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz.   Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e os rios não me sossegam levam sonhos deixam mágoas.   Levam sonhos deixam mágoas ai rios do meu país minha pátria à flor das águas para onde vais? Ninguém diz.   Se o verde trevo desfolhas pede notícias e diz ao trevo de quatro folhas que morro por meu país.   Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão. Silêncio - é tudo o que tem quem vive na servidão.   Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados. E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados.   E o vento não me diz nada ninguém diz nada de novo. Vi minha pátria pregada nos braços em cruz do povo.   Vi meu poema na margem dos rios que vão pró mar como quem ama a viagem mas tem sempre de ficar. Vi navios a partir (Portugal à flor das águas)

O 25 de Abril num minuto

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Como era Portugal antes do 25 de Abril?

O 25 de Abril contado às crianças

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Comemoram-se amanhã os 41 anos do 25 de Abril de 1974. O que foi? Porque foi tão importante para Portugal? Naturalmente que já ouviste falar no 25 de Abril de 1974, mas provavelmente não conheces as coisas como os teus pais ou os teus avós que viveram nesta época.   Sabias que o golpe de estado do 25 de Abril de 1974 ficou conhecido para sempre como a "Revolução dos Cravos"?   Diz-se que foi uma revolução porque a política do nosso País se alterou completamente.  Mas como não houve a violência habitual das revoluções (manchada de sangue inocente), o povo ofereceu flores (cravos) aos militares que os puseram nos canos das armas.  Em vez de balas, que matam, havia flores por todo o lado, significando o renascer da vida e a mudança!  O povo português fez este golpe de estado porque não estava contente com o governo de Marcelo Caetano, que seguiu a política de Salazar (o Estado Novo), que era uma ditadura. Esta forma de governo sem liberdade durou cerca d

Poemas de Abril

  Os medos   É a medo que escrevo. A medo penso. A medo sofro e empreendo e calo. A medo peso os termos quando falo A medo me renego, me convenço   A medo amo. A medo me pertenço. A medo repouso no intervalo De outros medos. A medo é que resvalo O corpo escrutador, inquieto, tenso.   A medo durmo. A medo acordo. A medo Invento. A medo passo, a medo fico. A medo meço o pobre, meço o rico.   A medo guardo confissão, segredo. Dúvida, fé. A medo. A medo tudo. Que já me querem cego, surdo, mudo.   José Cutileiro, Os medos, in Versos da mão esquerda
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  Público - Isto também é comigo! As Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas da Moita, no âmbito do seu projeto Escola a Ler - Diários de Leitura e Escrita,em colaboração com a professora Beatriz Sousa, têm o grato prazer de dar os parabéns à aluna Angelina Tadeu do 11º ano, que se sagrou vencedora da iniciativa do Público "Isto também é comigo!" do mês de janeiro. Leia aqui o artigo de opinião vencedor: https://www.rbe.mec.pt/np4/PnE-itec-23-24-01.html

Partilha de recursos sobre o 25 de Abril

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  Partilhamos um conjunto de recursos destinados a explicar o 25 de Abril às crianças.

Há livros novos na Biblioteca!

  A Biblioteca Escolar da Escola Básica nº 2 da Moita tem novos livros nas estantes. Vem conhecê-los!!