Poemas de Abril

 

As mãos

 

Com mãos se faz a paz se faz a guerra

Com mãos tudo se faz e se desfaz

Com mãos se faz o poema – e são de terra.

Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

 

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.

Não são de pedra estas casas mas

de mãos. E estão no fruto e na palavra

as mãos que são o canto e são as armas.

 

E cravam-se no Tempo como farpas

as mãos que vês nas coisas transformadas.

Folhas que vão no vento: verdes harpas.

 

De mãos é cada flor cada cidade.

Ninguém pode vencer estas espadas:

nas tuas mãos começa a liberdade.

 

Manuel Alegre, in “O Canto e as Armas”

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