Sugestão de leitura - Lenda

S. Vicente, o padroeiro de Lisboa

Vicente nasceu em Saragoça, no tempo em que toda a Península Ibérica pertencia ao Império Romano e a religião cristão ainda estava proibida. Quem se convertesse corria o risco de ser preso, torturado ou até atirado às feras no Coliseu. Apesar do perigo, muita gente se convertia em segredo.
Foi o que aconteceu aos pais de Vicente. Batizaram-se a si próprios e ao filho, educaram-no na fé cristã, e ele, quando cresceu, quis ser padre.
No ano de 304 o imperador Diocleciano lançou uma perseguição feroz contra os cristãos por todo o Império. Os seus homens receberam ordens para prenderem as pessoas suspeitas. Deviam interrogá-las e obrigá-las a jurar que não eram cristãs. Quem se recusasse seria torturado e morto.
Vicente era então um jovem padre. Recusou-se terminantemente a renegar a fé, foi preso, sofreu as piores torturas e acabou por morrer. Os carrascos, em vez de o enterrarem, deixaram o corpo ao abandono no campo para ser comido pelas aves de rapina. Mas um corvo tomou a sua defesa e não deixou nenhuma outra ave aproximar-se do corpo.
Voltaram então os homens  e decidiram lançá-lo ao mar com uma pedra atada para ir depressa ao fundo. Mas o corpo não se afundou. Nessa mesma noite os cristãos recolheram-no às escondidas, deram-lhe sepultura na cidade de Valência e passaram a venerar os seus ossos como relíquias de santo mártir. Durante vários séculos ninguém tocou na sepultura.
Quando os Mouros invadiram a Península Ibérica, alguns cristãos de Valência resolveram fugir e levar com eles os restos mortais de S. Vicente. Partiram por mar rumo ao Algarve, instalaram-se numa ponta de terra perto de Sagres, e logo que lhes foi possível construíram casas para viver e uma pequena igreja onde depositaram os ossos do santo. Por isso aquela ponta de terra se passou a chamar cabo de S. Vicente.
Mais tarde, quando D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos Mouros (1147), soube da existência de relíquias de um santo lá para as bandas do Algarve e logo decidiu mandá-las buscar. A primeira expedição foi por terra e falhou. A segunda foi por mar; os mensageiros conseguiram apoderar-se do cofre e voltar rapidamente a Lisboa. Segundo a tradição, dois corvos acompanharam a viagem, um na popa e outro na proa do navio.
O cofre com as relíquias ficou depositado no altar da Sé. S. Vicente tornou-se padroeiro da cidade. A barca e os dois corvos tornaram-se símbolos do santo e emblema de Lisboa.

 Fonte: Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Portugal-História e Lendas

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